Você sofre de dismorfia financeira — e talvez nem saiba

Você já sentiu que está sempre com menos dinheiro do que gostaria, mesmo quando consegue pagar as contas? Ou, ao contrário, vive como se estivesse tudo bem, mas ignorando boletos, fatura do cartão e o extrato bancário?

Esse fenômeno tem nome: dismorfia financeira — e 99% dos brasileiros, entre 18 e 40 anos, apresentam algum grau dessa distorção, segundo pesquisa recente do Will Bank.

É como dismorfia corporal, só que com dinheiro: a mente embaça os fatos. Pode ser que você tenha renda, reserva e estrutura — e ainda vive em alerta constante, como se tudo pudesse desabar. Ou então gasta além do que seu extrato permite, usando o consumo como forma de proteção e negação. Esse desvio financeiro não nasce só das redes sociais — embora elas sejam um potente combustível — mas das crenças que trazemos desde a infância, dos ambientes em que vivemos, dos conceitos que aprendemos (e reforçamos) sobre o dinheiro.

E a armadilha é que com a repetição desses comportamentos (eu mereço, depois eu vejo, nunca terei o suficiente, etc) seus pensamentos passam a moldar as suas decisões: É como se você continuasse cavando, mesmo já estando em um buraco, entende?

É a dismorfia financeira em ação.

Sem perceber, você passa a agir com base nessa distorção emocional — paralisando o usufruto do dinheiro ou gastando cada vez mais. E o efeito emocional ele não tarde a vir: ansiedade, culpa, impulsividade, sensação constante de inadequação.

Mesmo com casa, emprego, salário razoável, muitos descrevem sua vida financeira com palavras como “apertada” ou “bagunçada”. No outro extremo, muitos endividados sem consciência do tamanho do estrago e da profundidade do problema, descrevem sua vida financeira como “satisfatória”.

Na prática, o resultado é o mesmo para os dois grupos: a percepção distorcida mina, cada vez mais, a clareza emocional.

Você continua a tomar decisões ruins, porque sua cabeça e suas emoções não estão alinhadas. Sua percepção da realidade está embaçada. Por isso, a reflexão que quero compartilhar aqui é: prática financeira como liberdade emocional.

Cuidar das finanças não é punir-se. É criar um espaço de observação: perguntar-se “isso me aproxima do que eu quero?”, “é necessidade, desejo ou angústia?”, “onde meu dinheiro dorme todos os dias?” “Como eu estava me sentindo quando fiz essa compra?” Quando você entende seus gatilhos, aprende a dizer “não” sem culpa e “sim” com intenção. Aí, finanças deixam de ser uma armadilha e viram ferramenta de liberdade. Pense nisso.”

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